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O que são as BDRs? E como elas funcionam

As Brazilian Depositary Receipts (BDRs) representam uma inovação significativa no universo dos investimentos, oferecendo aos investidores brasileiros a oportunidade única de acessar mercados internacionais diretamente da Bolsa de Valores do Brasil, a B3.

Em essência, as BDRs são certificados emitidos no Brasil que representam ações de empresas estrangeiras negociadas em suas bolsas de origem. Isso significa que, ao investir em BDRs, você está, indiretamente, comprando uma parcela da empresa estrangeira, permitindo diversificar seu portfólio com ativos globais sem a necessidade de operações de câmbio ou contas em corretoras internacionais.

A relevância das BDRs para o investidor brasileiro reside na sua capacidade de oferecer exposição a economias e setores não disponíveis na bolsa local, como grandes empresas de tecnologia e automotivas globais.

Além disso, as BDRs abrem caminho para a diversificação geográfica do investimento, reduzindo o risco associado à concentração em ativos apenas nacionais e aproveitando oportunidades de crescimento em outras economias. Com as BDRs, o mercado financeiro internacional está ao alcance dos investidores brasileiros, democratizando o acesso a investimentos diversificados e ampliando horizontes financeiros.

As BDRs surgiram como um mecanismo para facilitar o acesso dos investidores brasileiros a empresas listadas em bolsas estrangeiras, promovendo a globalização dos portfólios de investimento. Inspiradas nos American Depositary Receipts (ADRs), que permitem a investidores dos Estados Unidos investir em ações de empresas internacionais, as BDRs foram introduzidas no Brasil no final dos anos 90, seguindo a tendência global de democratização do acesso a investimentos internacionais.

Como Funcionam as BDRs?

Elas são certificados emitidos no Brasil que representam ações de empresas estrangeiras negociadas em suas respectivas bolsas de origem. Tecnicamente, uma BDR é um veículo de investimento que permite aos investidores brasileiros participarem dos rendimentos e variações de preço de ações internacionais, sem a necessidade de negociar diretamente nos mercados externos. Cada BDR corresponde a uma fração específica de uma ação da empresa estrangeira, que pode variar conforme o certificado.

O processo de criação das BDRs começa quando um banco depositário no Brasil adquire ações de empresas estrangeiras e emite os respectivos certificados de depósito. Esses certificados são então listados e negociados na B3, permitindo que investidores comprem e vendam BDRs como se fossem ações negociadas no mercado brasileiro. Isso facilita o acesso a mercados internacionais, oferecendo uma maneira simplificada e regulamentada de investir em empresas globais.

Elas podem ser classificadas em patrocinadas e não patrocinadas. As BDRs patrocinadas são emitidas com o envolvimento direto da empresa estrangeira, que escolhe o banco depositário para representá-la no Brasil e participa ativamente do processo. Essas BDRs são, geralmente, acompanhadas de uma maior quantidade de informações disponíveis aos investidores, pois a empresa tem interesse direto na emissão. Já as BDRs não patrocinadas são emitidas por iniciativa do próprio banco depositário, sem participação direta da empresa estrangeira representada. Como resultado, pode haver menos informações disponíveis sobre a empresa, e o banco depositário assume a responsabilidade pela administração dos certificados.

Vantagens de Investir em BDRs

Tem-se uma série de vantagens que podem ser especialmente atrativas para investidores brasileiros que buscam expandir seus horizontes financeiros além do mercado nacional.

  1. Acesso a empresas estrangeiras sem sair da bolsa brasileira: Uma das maiores vantagens das BDRs é permitir que investidores brasileiros tenham participação em grandes empresas globais, como Apple, Google e Amazon, diretamente pela B3. Isso elimina a complexidade de investir diretamente em bolsas estrangeiras, incluindo desafios com câmbio, legislação internacional e abertura de contas em corretoras no exterior. Com as BDRs, o investidor pode facilmente adicionar empresas de tecnologia de ponta, veículos elétricos e outras inovações do mercado global ao seu portfólio, tudo isso com a comodidade e segurança da regulamentação brasileira.
  2. Diversificação do portfólio com ativos internacionais: A diversificação é um princípio fundamental para a gestão de riscos em investimentos. As BDRs ampliam significativamente as opções de diversificação, pois permitem ao investidor brasileiro acessar diferentes setores e mercados que podem não estar disponíveis na economia local. Essa exposição internacional ajuda a mitigar riscos específicos do país e pode contribuir para um equilíbrio mais estável do portfólio, aproveitando o crescimento econômico e a valorização de mercados ao redor do mundo.
  3. Aspectos fiscais e tributários das BDRs: Do ponto de vista fiscal, as BDRs também oferecem vantagens. Os dividendos recebidos de BDRs são tributados na fonte no país de origem da empresa, mas podem ser compensados no imposto de renda devido no Brasil, evitando a bitributação. Além disso, a Receita Federal oferece orientações claras sobre como declarar BDRs no imposto de renda, facilitando a conformidade fiscal dos investidores. Contudo, é essencial que o investidor se informe sobre as regras específicas, pois a legislação tributária pode variar dependendo do país de origem da BDR.

Riscos Associados às BDRs

Como quase todo investimento, as BDRs trazem uma série de oportunidades, mas como qualquer investimento no mercado financeiro, existem riscos que precisam ser considerados e gerenciados.

  1. Riscos de câmbio e como eles afetam seu investimento: Uma das principais considerações ao investir em BDRs é o risco de câmbio. Como as BDRs representam ações de empresas estrangeiras, a conversão dos rendimentos para o real pode ser afetada pela flutuação cambial. Se a moeda estrangeira se valorizar em relação ao real, você pode ter ganhos adicionais, mas o contrário também é verdadeiro. Uma desvalorização da moeda estrangeira pode diminuir o retorno em reais do seu investimento em BDRs, independentemente do desempenho da empresa no mercado de ações.
  2. Volatilidade associada aos mercados estrangeiros: Os mercados acionários internacionais podem ser influenciados por uma variedade de fatores, incluindo políticas econômicas, mudanças regulatórias, crises políticas e econômicas, e outros eventos globais. Esses fatores podem introduzir volatilidade adicional aos preços das BDRs, tornando-os mais suscetíveis a movimentos abruptos de mercado que podem não estar diretamente relacionados com a economia brasileira.
  3. Considerações sobre liquidez e riscos regulatórios: A liquidez das BDRs pode variar significativamente, dependendo da demanda dos investidores e da liquidez da ação subjacente no mercado estrangeiro. BDRs de empresas menos conhecidas ou de mercados com menor volume de negociação podem ser mais difíceis de vender a preços favoráveis. Além disso, mudanças nas regulamentações tanto no Brasil quanto nos mercados de origem das empresas podem afetar a disponibilidade e o tratamento das BDRs, introduzindo riscos regulatórios que podem impactar o investimento.

Portanto, ao considerar BDRs para seu portfólio, é vital avaliar cuidadosamente esses riscos em conjunto com os objetivos de investimento e a tolerância ao risco. Uma estratégia diversificada e um acompanhamento constante do mercado podem ajudar a mitigar esses riscos e aproveitar as oportunidades que as BDRs oferecem.

Comparação entre BDRs, ETFs Internacionais e Investimento Direto no Exterior

BDRs, ETFs internacionais e investimento direto no exterior são todas opções válidas para acessar mercados globais, mas com diferenças fundamentais. BDRs permitem investir indiretamente em empresas estrangeiras através da B3, oferecendo facilidade e conveniência, mas com exposição limitada a empresas individuais. ETFs internacionais, negociados também via B3, proporcionam diversificação instantânea em um setor ou região específica, reduzindo o risco individual.

Já o investimento direto no exterior oferece a maior gama de opções, permitindo comprar ações diretamente em bolsas estrangeiras, o que exige mais conhecimento do mercado e exposição a riscos de câmbio e regulatórios. Cada opção tem seus prós e contras, variando em complexidade, custo, e nível de controle, cabendo ao investidor escolher a que melhor se ajusta à sua estratégia de investimento.

Tendências de Futuro e Conclusões

As BDRs têm experimentado crescimento em popularidade e acessibilidade, refletindo uma tendência global de investimento sem fronteiras. A recente liberalização das regras de investimento para incluir investidores de varejo ampliou significativamente o mercado potencial para BDRs no Brasil.

Além disso, o interesse crescente em diversificação e exposição a economias e setores não disponíveis localmente deverá continuar impulsionando a demanda. Olhando para o futuro, espera-se que as BDRs se tornem ainda mais integradas ao ecossistema de investimentos brasileiro, com potencial para inclusão de mais empresas e setores globais.

A evolução tecnológica e a digitalização dos mercados financeiros também poderão facilitar o acesso e a transparência, tornando as BDRs ainda mais atraentes para investidores brasileiros buscando capitalizar em oportunidades globais.

A mensagem final para você investidor, é que as BDRs oferecem uma oportunidade excepcional para investidores brasileiros acessarem mercados internacionais diretamente da B3, permitindo a exposição a empresas globais e a diversificação de portfólio além das fronteiras nacionais.

Este instrumento de investimento combina a praticidade de negociar no mercado local com o potencial de crescimento de empresas internacionais líderes em seus setores. Encorajamos investidores a considerar as BDRs como uma parte estratégica da diversificação de seus portfólios, aproveitando a chance de mitigar riscos e potencializar retornos ao explorar o dinamismo e as oportunidades dos mercados globais.

Flavia Guedes

Profissional com 22 anos experiente na área financeira, com foco em administração e investimentos. Sou pós-graduada em Finanças e Investimentos pela FIA e sou certificada pela ANCORD, ANBIMA e FEBRABAN. Atualmente, atuo como Especialista de Investimentos no Itaú, tendo acumulado experiência na Messem e na Plátano Investimentos escritório filiados a XP, e atuei na mesa de operações de renda variável. Minha carreira também inclui posições de liderança no Citi como Gerente de Investimentos e no Santander Brasil, onde fui Gerente da Sala de Ações, responsável por operações de compra e venda de ações e pelo desenvolvimento de estratégias para ampliar a carteira de clientes.

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